Dando continuidade à iniciativa promovida pelo Arciprestado de V. N. de Famalicão, realizou-se no passado domingo, dia 11 de Março, a terceira das quatro Conferências Quaresmais que foi novamente orientada pelo Prof. Doutor João Duque, Presidente do Centro Regional da Universidade Católica de Braga, que continuou a sua abordagem à Teologia da Cruz, apresentando-a agora como “sinal de solidariedade para com o sofrimento dos irmãos”.
Sendo estas Conferências subordinadas à temática “Do Espelho da Palavra à Teologia da Cruz”, nesta terceira Conferência, que mais uma vez teve lugar às 18h00 na Igreja Nova Matriz de V. N. de Famalicão, iniciando e desenrolando-se integrada num momento de oração, enriquecida pelos cânticos entoados pelo Grupo Coral Litúrgico da paróquia de Santo Adrião, o Doutor João Duque iniciou a sua apresentação lembrando os três significados que atribuiu à cruz, nomeadamente aquele sobre o qual se debruçou na Conferência anterior, “a cruz enquanto manifestação da maldade do ser humano, que pode chegar ao ponto de vitimar o inocente dos inocentes”. De seguida, e focando-se no segundo significado, “a cruz como sinal da solidariedade de Cristo para com todos aqueles que sofrem por culpa de outros”, o orador referiu que “na cruz de Cristo Deus revela que assume a condição de sofredor”, pois “Deus não se desvia à condição de sofredor, mas aceita o peso da cruz”. No entanto, e porque “a cruz de Cristo é sobretudo a nossa cruz”, o Doutor João Duque lembrou que “o nosso maior problema não se prende com o nosso próprio sofrimento, mas com o sofrimento dos outros”, pois, “tal como Cristo escolheu assumir a nossa cruz, não podemos fugir a partilhar a cruz com dos outros”.
A este propósito, o orador apresentou várias técnicas a que recorremos frequentemente para “iludir a cruz e o sofrimento”, numa clara alusão à leitura do livro de Eclesiastes escutada na oração inicial. Entre essas técnicas, referiu a “tendência para atribuirmos uma culpa ao sofrimento”, a “«trivialização» do sofrimento”, a “fuga ao sofrimento pela diversão ou alienação”, a “«espectacularização» do sofrimento, que torna as pessoas insensíveis ao que acontece no mundo”, ou ainda o facto de “escondermos a morte, porque ela nos mostra que tudo é ilusão”.
No entanto, o Doutor João Duque lembrou que “o cristão não pode fugir ao mal e ao sofrimento; não pode fugir à cruz”, pois, por um lado, “o sofrimento existe” e, por outro, “o cristão está proibido de ignorar o sofrimento do seu irmão”. Assim, “tal como Cristo aceitou o nosso sofrimento, o cristão deve compadecer-se com os que sofrem, pois é afectado pelo sofrimento de todos os humanos”.
Ao terminar sua abordagem, o Presidente do Centro Regional da Universidade Católica de Braga, explicou que, “não podemos ficar apáticos, pois devemos partilhar o sofrimento com os outros, na esperança e no desejo que deixe de ser”. Logo, “a atitude do cristão prende-se com todo o trabalho que deve desenvolver para que o sofrimento do outro deixe de existir”.
As Conferências Quaresmais terminam no próximo domingo, à mesma hora e no mesmo local, sendo a última Conferência também orientada pelo Prof. Doutor João Duque, que se debruçará sobre o terceiro significado da cruz, isto é, “a cruz como doação da vida e manifestação de amor, isto é, como princípio da Ressurreição”.
Departamento Arciprestal da Comunicação Social
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